Os Cristãos e a Graça expressada em Romanos


Logo no início da igreja Cristã, ou seja, dentro dos primeiros anos após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, um dos principais assuntos debatidos entre os novos convertidos era sobre a importância ou não das práticas judaicas dentro do Cristianismo. As dúvidas iam desde a possibilidade de salvação do não judeu, se possível ou não, até a prática da circuncisão, se era ou não necessária aos novos convertidos. A religiosidade estava impregnada na alma e no coração do povo de israel. O cumprimento da Lei de Moisés e sua obediência, a permanência nas práticas judaicas que eram na maioria das vezes marcas exteriores de um relacionamento com Deus ainda provocava enormes questionamentos àqueles que se juntavam aos primeiros cristãos. No judaísmo, as marcas da religião estavam todas ligadas aos níveis e classes das pessoas dentro da estrutura religiosa. A religião era vista, vivida e sentida através das tradições, vestimentas, práticas, modo de interpretar um ou outro texto da Lei. Pouco ou nada se importava com a interiorização da vida com Deus. É diante desse contexto que Jesus apresenta então uma nova forma, um novo jugo, um novo modo de pensar e viver o relacionamento com o Deus de Israel. Jesus apresenta então um Deus que estava interessado em marcar o coração do homem e não o seu corpo exterior. Não era a roupa, nem o cabelo, nem a forma de interpretar a lei, nem a circuncisão, nem o cumprimento da lei que evidenciavam mais se alguém era ou não um servo do Deus Altíssimo. Jesus trazia consigo um novo tempo onde, a constatação da impossibilidade do cumprimento da lei e sua total obediência, não produziria mais um sentimento de culpa diante de Deus. A falibilidade humana agora, serviria apenas para evidenciar a infalibilidade Divina, ou seja, mesmo diante de um homem infiel, Deus permanecia assentado sobre sua fidelidade. Jesus apresenta a “graça” como resposta ao fracasso humano em cumprir as exigências da Lei. A fé encontrada no interior do homem torna-se a evidência única do servo que agrada a Deus. Todo processo religioso se inverte nesse instante. Deus revela-se em Jesus não para quebrar e destruir a Lei que Ele mesmo ditou aos profetas, ao contrário, Deus demonstra em Jesus que a Lei deveria servir para demonstrar a grande misericórdia dEle para com seus filhos. A lei não deveria ser um peso, mas, simplesmente uma lâmpada para ensinar ao homem o que desagradava a Deus, fazendo assim com que este compreendesse que o amor e a misericórdia de Deus eram tão grandes que, derramavam o perdão mediante o arrependimento sobre aqueles que fracassavam em guardar a lei. Deus não estava sendo injusto ao equiparar todos os homens debaixo do perdão, pois, assim como por um só homem o pecado havia entrado no mundo, tornando necessária a existência da lei, também por um só homem o pagamento e a expiação pelos pecados havia se operado em Jesus. Jesus apresenta ao homem um Deus que via a todos como imperfeitos, ou seja, por mais praticante da lei que alguém fosse, sempre haveria uma falha e essa falha não passava despercebida por Deus que podia enxergar o coração. Diante dessa mensagem, Jesus chama o homem para servir a Deus debaixo de seus ensinamentos. Jesus ensina seus seguidores sobre o valor do arrependimento, e sobre a profundidade e imutabilidade do amor de Deus como que trazendo a mente da igreja as palavras de Davi que diz: “Feliz é o homem que Deus ama e não leva em conta sua maldade”... Jesus inaugura o tempo da graça, o tempo do descobrimento do amor de Deus e assim convida a todos para andar com Ele, seguindo-o sem o pensamento equivocado de que é escolhido e amado por Deus por seus próprios méritos. Jesus convida os pecadores e os simples para serem amados e aceitos, assim como eles eram. Jesus não coloca o peso da Lei sobre as costas do homem, ao contrário, Ele retira esse peso morrendo como condenado pela falta do cumprimento da lei. A partir de Jesus, a graça encobre a transgressão e o homem passa a experimentar as evidências de um relacionamento com Deus marcado por evidências interiores... Em Jesus, por mais que ainda possa existir um descumprimento da lei, o perdão que Ele construiu na Cruz sempre apaga a transgressão, ou seja, em Jesus deixa de ser do homem o mérito de conquistar o coração de Deus... Em Jesus é Deus que ama indistintamente a todos, e ama com amor sem medida, sem limites e sem restrições. Poderíamos pensar que há falhas nesse pensamento, pois, aparentemente tais declarações liberariam o homem para ser mal... Todavia, isso não acontece em Cristo, pelo contrário, a medida que se nasce a fé em seus seguidores, Deus derrama dentro do homem seu Santo Espírito, que, a partir de então, passa a ter dentro do coração a sua lei... Não aquela lei dada a Moisés, mas, uma nova lei, a lei do Espírito que vai trabalhando o caráter de seus seguidores para que esses venham a se tornar dia-após-dia, cópias de Jesus. Esse Espírito não é derramado sobre todos, mas, tão somente sobre aqueles que crêem em Jesus e o reconhecem como Deus, crendo ainda na sua morte e ressurreição e no total cumprimento de suas palavras com respeito ao perdão dos pecados. Jesus não libera o homem pra pecar, de forma nenhuma. Jesus mostra ao homem tão somente que, Deus o ama a despeito de sua maldade, e assim não é do homem a glória por agradar a Deus, pois, foi Deus quem nunca deixou de amá-lo, mesmo tendo sido mal. Os novos convertidos que creram na mensagem do evangelho, esses não estão liberados para sair pecando, pois, a partir da conversão eles se tornaram submetidos a lei do Espírito, que, a partir de então os guiam e confrontam ininterruptamente dentro de suas mentes, questionando-os sobre seus atos e os fazendo abandonar seus erros para moldarem-se a vontade de Deus. Assim, Deus ama, perdoa, apaga erros e coloca dentro do homem Seu Espírito para que nasça dentro de cada um o desejo de não pecar. Mistério, sobrenatural, mas real para quem vive isso todos os dias. Eu sei do que falo, pois sinto isso a todo momento!

A partir da graça, o relacionamento entre Deus e seus seguidores torna-se de profunda amizade, e assim, Deus os chama filhos.

Texto baseado no livro de Romanos.

Um comentário:

  1. Fiz uma visita rápida, e li o texto baseado em Romanos. Voltarei assim que eu tiver um tempo realmente disponível para ler, analisar, comentar, pois, acredito que essa é a melhor maneira para os cristãos se relacionarem.
    Abraços.
    Fabio,cristaodebereia.blogspot.com

    ResponderExcluir

Este site é melhor visualizado no navegador Google Chrome

LEIA MAIS

LEIA MAIS