Comentários em Romanos Capítulo 1


Romanos 1 

Verso 1 - Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus;
Ao escrever para os Cristãos de Roma, paulo inicia sua carta reafirmando o seu apostolado como uma escolha realizada por Deus, e não por ele. Como servo, Paulo se coloca numa posição de não possuir escolha, Ele não tinha opção, senão dedicar-se ao evangelho com lealdade e obediência. Até a própria separação de Paulo é aqui atribuída a Deus. Deus separa, Deus consagra, e Paulo se dedica por ser agora propriedade de Jesus!
Verso 2 - qual foi por Deus, outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras;
Muitos eram o judeus convertidos em Roma, e tanto a estes como aos próprios gentios, Paulo deixa bem claro que a mensagem do evangelho de Jesus não é uma nova cultura religiosa, ao contrário, Jesus é o cumprimento cabal do Velho Testamento, o livro dos Judeus tornava-se revelado em Jesus. Todas as promessas relatadas no velho testamento agora se cumpriam em Jesus!
Verso 3 - com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi;
Jesus é o cumprimento de tudo, inclusive e principalmente o Grande e Esperado Messias esperado pelos Judeus. Se este seria descendente de Davi, Paulo deixa claro que este requisito também o era atendido por Jesus. Aqui podemos visualizar a humanidade de Jesus, e nó próximo versículo Paulo evidencia a divindade.
Verso 4 - e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor;
Nesse versículo Paulo apresenta Jesus como alguém existente antes da encarnação. O mesmo de Genesis 1 quando Deus cria tudo se utilizando do plural, "façamos o homem a nossa imagem e semelhança". Ressalta ainda aqui que a perfeição moral de Jesus Cristo que só poderia existir se a fonte fosse realmente divina. Completa aqui como prova de quem era Jesus o fato de o mesmo ter ressuscitado com provas cabais a época, (diversas testemunhas ainda vivas) e que mostravam que este Jesus não era um homem qualquer. Jesus Cristo, nosso Senhor era, efetivamente esse de quem as escrituras tanto anunciaram.
Verso 5 - por intermédio de quem viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a obediência por fé, entre todos os gentios;
É por meio de Jesus que os romanos receberam o favor imerecido (Graça), ou melhor traduzindo, o favor divino a pecadores indignos, e é por esse mesmo Jesus que Paulo recebeu o Apostolado. A obediência por fé que Paulo se refere é a submissão confiante ao Cordeiro de Deus e ao Salvador do mundo a que todos os Cristão se submetem. A mensagem de Jesus entra e substitui qualquer crença, qualquer religião. Crer em Jesus toma o lugar de qualquer outra coisa, e a confiança nessa nova realidade chega a ultrapassar a compreensão natural das coisas. A fé impulsiona a ação deles e de Paulo, principalmente entre os Gentios. (Paulo era comissionado aos Gentios - Apóstolo dos Gentios/não judeus)
Verso 6 - de cujo número sois também vós, chamados para serdes de Jesus Cristo;
Paulo e os Cristãos de Roma estão debaixo de uma mesma fé, escolhidos pro Jesus Cristo, e além desta irmandade, Paulo ainda afirma sua responsabilidade para com Eles. Os Gentios eram seu campo missionário e Paulo deixa isso evidente, mostrando então a razão do porque escreve para eles. Não foi Paulo quem iniciou essa igreja, por isso a preocupação em demonstrar a sua autoridade para escrever.
Verso 7 - A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Aqui entram várias compreensões de Paulo. Graça e Paz, a saudação dos gentios (graça) e a saudação dos judeus (paz), com isso Paulo saúda ambos. Paulo reforça a eles o chamado de Deus para cada um deles, um chamamento de amor, um amor que os escolheu para serem Santos, cuja santidade decorre de um ato exclusivo de Deus e que será amplamente abordado por Paulo nos parágrafos a frente. Para finalizar essa saudação inicial, Paulo se mostra representante do Pai e do Filho, deixando claro a existência de um só plano, um só projeto, uma só escolha, um só Deus, e que Pai e Filho são um!
Verso 8 - Primeiramente, dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé.
Paulo demonstra ter conhecimento de que a igreja de Roma tem experimentado uma vida Cristã que invadia todos os habitantes de Roma e quem mais ouvisse sobre aquele lugar. O evangelho alí estava sendo vivido abertamente, com muitos testemunhos a respeito da nova vida em Jesus. A igreja de Roma manifestava sua fé publicamente e com grande entusiasmo, o que os tornavam amplamente conhecidos. Paulo mostra que sabe para quem está escrevendo e isso seria extremamente importante para evitar questionamentos sobre sua carta.
Verso 9 - Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós;
Paulo respalda aqui mais uma vez sua autoridade apostólica ao reafirmar sua submissão a Deus a quem ele serve no serviço Cristão, revelando também que os irmãos de Roma são abençoados com suas orações. Paulo, mesmo não estando lá, é coluna de oração da igreja em Roma.
Verso 10 - em todas as minhas orações, suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de visitar-vos. 
Orando por eles em todo o tempo, Paulo manifesta profundo desejo em visitá-los, o que pede insistentemente a Deus que assim o permita.  
Verso 11-12 - Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados, isto é, para que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos por intermédio da fé mútua, vossa e minha. 
Paulo deseja viver a comunhão plena da igreja com os irmãos de Roma através do serviço que edifica o corpo. Tanto quer abençoar como ser abençoado, tando que ajudá-los a crescer como quer crescer com eles. Paulo quer pregar, ajudar, amparar, orar junto, viver e repartir algum de seus dons com a igreja de Roma.     
Verso 13 - Porque não quero, irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que tenho sido, até agora, impedido), para conseguir igualmente entre vós algum fruto, como também entre os outros gentios. 
Muito provavelmente o encontro de Paulo com Jesus se deu por volta do ano 34 e sua morte em 67 ou 68 d.C. Sua primeira viagem missionária ocorreu 10 anos após sua conversão. No período de suas viagens, o trabalho de Paulo o consumia tanto em dedicação como em resistência. Levar o evangelho ao mundo conhecido era sua missão e ele faria isso ao custo da própria vida. Ir a Roma, por mais que fosse um desejo do apóstolo, teve que esperar longos anos. Na verdade, Deus não permitia que Paulo encontrasse tempo pra ir a Roma, e isso acabou por gerar em Paulo um desejo grande em se desculpar com os irmãos. Paulo faz questão de deixar claro que Deus é quem tinha outros planos, mas que, não visitá-los até mesmo o entristecia profundamente. Paulo primeiro visitou todas as províncias romanas, espalhando o evangelho e fundando inúmeras comunidades Cristãs, e somente perto de sua morte é que chegou ao centro político e administrativo Romano.    
Verso 14-15 - Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma. 
Nesse trecho Paulo deixa mais uma vez claro que, embora impedido de realizar seu desejo de ir vê-los, ele tinha consciência de que Roma estava incluída em seu ministério, em seu chamado apostólico. O que paulo receberá do Senhor Jesus era tão precioso que criava em Paulo uma dívida de amor impagável para com todos os homens, independente de nacionalidade, cultura, credo, etc.
Verso 16 - Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; 
Sendo Judeu e possuindo o título de cidadão Romano, Paulo gozava de muitos motivos humanos para se orgulhar. Esse orgulho que ele fazia questão de afirmar não possuir (Paulo deixou esses orgulhos na cruz), com muita certeza impediu muitas outras pessoas a época em juntarem-se a nova fé Cristã. Diante disso Paulo reafirma aqui que não se envergonha daquilo que crê, mesmo sabendo que a sua fé quebra a pompa dos poderosos! Nesse ponto é necessário entender que o Cristianismo não era e nunca foi uma "organização da elite". Ao contrário disso, o Cristianismo acabava com a separação de pessoas por classe social, nacionalidade, cor, língua e fazia com que o Senhor de escravos sentasse a mesa com seu criado, que o rico dividisse o pão com o pobre, que o nobre se colocasse na mesma posição do inculto, iletrado. Crer no evangelho podia ser motivo de vergonha pra gente com as posições de Paulo, todavia, pra ele não! Paulo havia entendido que Deus não faz acepção de pessoas e que, o evangelho de Jesus Cristo era o poder de Deus que destruía as barreiras de separação entre os homens. A afirmação de Paulo "primeiro ao judeu" parte do conhecimento teológico de que, os judeus foram os primeiros alvos da escolha divina.
Verso 17 - visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. 
A partir de agora a justiça de Deus se revela na fé que brota, uma a uma, de irmão para irmão através do espalhar das boas novas (um irmão leva a fé ao outro). Deus agora escolhe quem pela fé o recebe. A salvação torna-se individual e aberta a todas as pessoas, sem distinção de características exteriores. O evangelho mistura todos que recebem a fé!
Vale fazer um parentese aqui para dizer que, esse versículo 17 é o grande resumo da carta aos Romanos, "o evangelho é a justiça de Deus pela fé".
Verso 18-20 - A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;
Ao mesmo tempo que a Graça revela bondade, é essa bondade que, sendo boa, condena quem não crê nela! Até esse momento da história, Deus havia se revelado aos gentios apenas indiretamente, através da criação, da criatura, da obra criada. Essa atração pela divindade existente dentro do homem, independente de sua nacionalidade e cultura é revelada pela necessidade que o homem possui em criar religiões. Sim, o homem possui no fundo do seu ser um desejo em compreender a criação através de um criador, e por isso os deuses pagãos sempre se multiplicaram. Em Roma não era diferente. Os Romanos eram politeístas, praticando cultos a várias pseudo-divindades. É nessa linha de raciocínio que Paulo se encontra. Jesus veio salvar todo aquele que nEle crer, mas, ao mesmo tempo, quem não crer será condenado a ira de Deus. Não há mais esperanças para jeitinhos ou realização de obras pessoais. Ou é Jesus ou não há salvação fora dEle! Paulo então revela a mensagem contra aqueles que, sentindo que realmente existe um Deus que tudo criou, propagam, mentiras que impedem a "verdade" de Jesus avançar. Pra tais pessoas não há desculpa! Se eles possuem dentro deles algo que diz que existe Deus, Paulo agora revela quem é Aquele que eles buscam.       
Versos 21 - porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
Paulo condena mais uma vez a invenção de divindades. Sentem o desejo de conhecer a Deus, e para satisfazer esse desejo, inventam crenças para adorar animais, pessoas, insetos, objetos, lugares. Nesse ponto Paulo está revelando Jesus Cristo, aquele que ressuscitou sem deixar dúvidas (pois naquela época apareceu vivo após a crucificação para muitas pessoas), e assim, não haveria mais forma de se desculpar com Deus! Os Romanos e todas as pessoas daquela época conviviam diariamente com testemunhas oculares de que Jesus estava vivo após a crucificação, e mesmo assim, muitos preferiam não acreditar na verdade simples da REALIDADE testemunhada, para criar filosofias. Deus se revelou em Jesus, mas mesmo assim muitos preferiram achar que aquilo era uma loucura. Esses se perderiam em seus raciocínios!    
Verso 22 - Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos 
Crer em Jesus, acreditar na mensagem do evangelho era algo que parecia simples demais. Os inconformados com essa simplicidade que trazia o perdão pelo ato de crer, que restaurava a relação de Deus com o homem através do simples ato de crer no evangelho, de tão simples, parecia loucura. Assim, muitos que não se conformavam com a mensagem simples da cruz, afundavam-se em suas especulações religiosas, suas filosofias de vida, tentando encontrar algo mais complexo, mais fundado em sabedoria humana, uma sabedoria firmada na troca, que precisa dar algo para receber. Quem está acostumado com a lógica matemática das relações humanas tem dificuldade em compreender um Deus que zera a conta do pecado gratuitamente. 
Verso 23 - e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis.
Aqueles que se julgavam sábios e tinham dificuldade em aceitar a simplicidade do evangelho, ao invés de adorar a Deus, passaram a adorar a criatura, fazendo imagens de todo tipo de animais e os chamando de deus.  
Verso 24 - Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; 
Uma religião impura, resulta em uma vida impura. Sem a mensagem purificadora de Jesus, o homem estava entregue as suas paixões, e assim, cada um se deleitava em seus mais escondidos desejos. Tudo é permitido e nada é condenável na cabeça de alguém que não cultiva uma espiritualidade sadia. Longe da sabedoria da Cruz, cada um cria suas próprias regras, cada qual, pendendo para suas próprias inclinações pessoais.  
Verso 25 - pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!
Ao invés de se renderem a Deus que criou, renderam-se a cultos de adoração a obra criada. O que é uma galinha? Uma vaca? Uma águia? Um homem? São parte da criação e não o Criador! Todos esses que assim vivem serão condenados pela mensagem da cruz!
Verso 26 - Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
A promiscuidade, a perversão sexual, os vícios, o uso não natural do corpo é visto aqui, não apenas como uma permissão de Deus, mas, principalmente como juízo divino. A destruição social, familiar e pessoal que essas coisas produzem são certamente juízo de Deus sobre o povo inserido nessas práticas. A própria mente se cauteriza e não há mais limite para a imoralidade.     
Versos 27 - semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. Entregues os gentios a reprováveis sentimentos
Vê-se claramente aqui que a falta de conhecimento de Deus entrega a criatura ao domínio de seus próprios estímulos. Isso é assim tanto na sexualidade como na própria consciência. A destruição da sociedade de forma geral é parte do juízo de Deus a sociedade sem freios. (veja verso 26)     
Verso 28 - E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, 
É assustador onde o homem pode chegar movido apenas por paixões e desejos. A consciência do certo e do errado se apagou destes. (veja verso 26 e 27)
Verso 29 - cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia.
O fim de um povo sem Deus e afundado na imoralidade é a destruição, e o desenfreado modo de viver Romano os entregava a isso. Perde-se tudo! A segurança, a justiça, a verdade, tudo se perde no aprofundar da imoralidade.  
Verso 32 - Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem.
No final desse primeiro capítulo Paulo deixa claro que a falta de leis a que os gentios estão submetidos trará sobre eles o juízo de Deus para a condenação! Outro ponto facilmente percebido diz respeito as consequências do pecado, a morte eterna e a destruição da estabilidade cotidiana e social. O pecado separa o homem do criador eternamente como consequência final, mas ao mesmo tempo destrói a vida através da falta de moralidade e integridade das relações humanas.
A Fé é o único remédio para a humanidade. Fé em Jesus Cristo e em sua mensagem da graça trazida pelo evangelho! Se no primeiro capítulo Paulo aborda que a falta de lei para os Gentios é motivo para toda a sorte de degradação, no capítulo seguinte Paulo mostrará que a lei dos Judeus também não resolveu o problema. A lei também não foi remédio suficiente para a restauração do homem. A fé é a resposta, tanto ao gentio, quanto ao judeu.

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